1. Biografia
João Baptista de Mattos foi o primeiro negro a alcançar a mais alta patente do Exército Brasileiro. Nascido no ano de 1900, numa família humilde na cidade do Rio de Janeiro, formou-se na Escola Militar de Realengo e encerrou sua carreira militar como Marechal.
1.1 Primeiros anos e estudos
Nasceu em 24 de junho de 1900, na cidade do Rio de Janeiro, filho único de Quintiliano de Mattos e dona Umbelina da Glória de Mattos.
Seu berço foi no subúrbio do Riachuelo, onde iniciou o primário gratuito.
Os pais eram muito humildes, ele, funcionário da Central do Brasil, e ela, Dona Umbelina (conhecida simplesmente por “Babá”, lembrança do tempo que ganhava a vida como ama-seca), colaborava para a receita da casa, lavando roupa para uma enorme freguesia. Esse trabalho a três, o pequeno João também ajudava os pais, trouxe proveitos. Pois a verdade é que ao final de dez anos de algumas privações e sacrifícios, a pequena família iniciou a compra do teto próprio. Obviamente era uma casa humilde, numa vila do afastado subúrbio do Encantado.
Foi na escola pública daquele bairro que o futuro Marechal terminou o curso primário.
A modéstia das posses, a limpeza nos trabalhos escolares e a aplicação da Matemática chamaram a atenção de sua última professora no primário. Com muito boa intenção, a senhora ofereceu-lhe um trabalho: ser caixa num armazém de propriedade do marido, pois “o garoto era muito bom nas contas”. Seria um oportuno auxílio para a família, agora assoberbada com as prestações para pagamento da casa própria.
Seria talvez um tempo de espera para um possível emprego de ferroviário. A seu pai, o condutor de trem Quintiliano, muito querido, não seria difícil, nos idos de 1912, conseguir uma vaga de aprendiz para o rapazinho que se mostrava tão metódico, inteligente e estudioso.
Mas para impedir a realização de sonhos tão modestos havia dois óbices: primeiro, Dona Umbelina fazia questão que o filho estudasse e, segundo o menino – metódico, inteligente e estudioso – pensava em ser mestre-escola.
Delicadamente foi rejeitado o oferecimento da vaga de caixa e começaram a disputa de uma outra, de estudante.
Candidato ao Colégio Pedro II, João Baptista ingressou com uma turma seleta, a que estavam fadados grandes sucessos. Lembramos, sem pesquisas, dos nomes do Dr Hugo Pinheiro Guimarães, afamado cancerologista e do Almirante Otacílio Cunha, pioneiro da Engenharia Nuclear no Brasil.
O critério democrático do concurso igualava o menino pobre e meninos nobres e ricos. Todos eles mereceram a ventura de ter aqueles professores que definiram a justa fama do colégio padrão – Carlos de Laet, José Acioly, João Ribeiro, Escragnolle Dória, Almeida Lisboa, … Estes símbolos de cultura e honradez plasmaram suas virtudes nas gerações que ajudaram a formar; mestres estimados, respeitados ou temidos, eram o próprio espírito do Colégio.
Em toda a sua vida, o Marechal Mattos demonstrou uma especial estima pelo Colégio Pedro II, motivo de ternas e frequentes evocações. Até mesmo seu casamento estaria ligado ao Colégio. Sua esposa fora aluna da Escola Rivadávia Correia, vizinha ao Pedro II; daí o conhecimento e o romance.
1.2 Escola Militar
A turma de 1917 no Pedro II teve um entusiasmado instrutor de Conhecimentos Militares – era o Tenente Mena Barreto. Pois o entusiasmo daquele oficial levou à Escola Militar mais de dez jovens de uma classe de vinte e cinco.
Possivelmente as epopeias da Infantaria na Grande Guerra teriam colaborado também para o despertar das vocações.
Eis o jovem João Baptista novamente às voltas com um democrático concurso e ombreando com camaradas das mais diversas origens. Aquela turma viria a tornar-se famosa, pois daria à Pátria nada menos que 35 Generais da Ativa, 7 Ministros e dois Presidentes da República. Todos eles ajudariam a fazer a História do Brasil de nossos dias. Mattos ajudaria a fazê-la e a escrevê-la.
É sua filha que nos conta do desânimo do então candidato ao procurar saber o resultado do exame de admissão. Perguntou a um tenente pelo grau. O oficial pediu-lhe o nome e, sem maiores consultas às listas, fez um trocadilho muito sem graça: “Se é Mattos, caiu no mato”. Ao Mattos pareceu ser o fantasma da reprovação, mas se fantasma havia era simplesmente o da falta de espírito … Ele passara e passara bem!
1.3 Carreira Militar
Assentando praça, como cadete, na Escola Militar do Realengo em 2 de maio de 1918, foi declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria no dia 18 de janeiro de 1921, com apenas 20 anos de idade.
“Temi não chegar a Major” – costumava contar o Marechal. No 14º BC, onde foi estagiar, encontrou um 1º Tenente com onze anos de oficial, um Capitão com a filha noiva e outro Capitão sendo reformado por ter atingido a idade limite para a reforma compulsória…
1.3.1 Missão Francesa
Também estava-lhe reservado passar 11 anos como Tenente, após o que lhe sorririam todas as promoções a oficial superior por merecimento.
Mas antes, tinha havido outro grande sorriso na sua carreira: ainda Tenente foi indicado para fazer o Curso de Estado-Maior com a Missão Francesa.
Desde 1929 era, então, oficial de Estado-Maior, com muito boas referências de seus colegas e instrutores.
O francês, bem aprendido no Pedro II, estava sendo útil no trato com a missão chefiada pelo General Gamelin.
Logo após o estágio, feito mesmo no Rio, voltaria à Escola do Estado-Maior para ser instrutor, função que exerceu por cerca de 10 anos, com interrupções.
1.3.2 A Campanha de 32
Apesar de ter ingressado muito cedo no Quadro de Estado-Maior, o Marechal Mattos se orgulhava de ter sido arregimentado em todos os postos da carreira. De fato, seus assentamentos consignam que, já diplomado pela Escola de Estado-Maior, serviu no Regimento Sampaio, como Capitão; no 26º BC (Belém), como Major; no 28º BC (Aracaju), como Tenente-Coronel e no Regimento-Escola de Infantaria, como Coronel. Tanto no 28º Batalhão de Caçadores como no Regimento-Escola (REI) foi Comandante.
Parece que foi no Regimento Sampaio que surgiu, ao brioso militar a primeira oportunidade de mostrar toda a sua capacidade de liderança.
Durante a Revolução de 1932 foi designado comandante da 8ª Companhia de Fuzileiros, vanguarda no Regimento. Os célebres combates do Morro da Ferradura notabilizaram a Companhia ao longo da Campanha. O Capitão Mattos foi, por isso, convidado para integrar o Estado-Maior do General Góes Monteiro. Não aceitou e, quando a paz interna foi conseguida, ele, o oficial de Estado-Maior, ainda era o comandante de uma Companhia de Infantaria em que o único oficial, desde o início, era o Capitão. Os Pelotões eram comandados por Sargentos.
1.3.3 Comandante Humano
Seus comandados daquela Companhia do Regimento Sampaio ficaram seus amigos para o resto da vida. Um deles, o Sargento Arthur Santos Filho, cirurgião-dentista, narrava os seguintes episódios:
“Tive a honra de ser subordinado e colaborador direto do então Capitão João Baptista de Mattos, comandante da 8ª Cia do III Batalhão do 1º RI (Regimento Sampaio).
A Cia, que se achava de prontidão, deslocou-se no dia 10 de julho de 1932 para Barra do Piraí, onde o Capitão foi nomeado Prefeito Militar.
Fizemos uma progressão que durou toda a noite de 18 para 19 de agosto. Às 5 horas foi iniciado o assalto às trincheiras inimigas do Morro da Ferradura. A posição estava tão bem fortificada que levamos 14 dias para conquistá-la.
Desde o primeiro assalto até o ataque final, fomos martelados pela artilharia inimiga. O Capitão Mattos, sempre de bengala em punho, esteve todo o tempo conosco, orientando a ação dos Pelotões.
Lembro-me que um soldado do Pelotão que eu comandava enlouqueceu. Tivemos de amarrá-lo. Mandei avisar o Capitão, que não se fez esperar. Sob terrível bombardeio, foi ele próprio à nossa trincheira, mandou desamarrar o soldado e levou-o cuidadosamente para a retaguarda, encaminhando-o, em seguida, ao hospital.
O Capitão Mattos mandava tratar com todo o respeito os cadáveres, inclusive os do inimigo. Assim que consolidamos a posição, tão duramente conquistada, ele determinou o sepultamento dos cadáveres, alguns insepultos havia mais de 10 dias.
Outro fato que caracteriza bem aquele seu zelo, que sabemos tão importante para o moral da tropa, foi o alto que fizemos para enterrar um soldado da Polícia Militar que fora vítima de uma armadilha inimiga. Recordo-me que o corpo ficara estraçalhado, exigindo a cooperação de vários de nossos homens para reunir os restos. Foi o próprio Capitão que fixou uma cruz rústica sobre a sepultura improvisada.
O Capitão Mattos empolgava a todos os subordinados pelas suas qualidades de caráter, bravura, lealdade e invulgar conhecimento profissional. Com ele iríamos a qualquer parte”.
Seu espírito de compreensão e de amor à responsabilidade possibilitava verdadeiros rasgos de bondade. Viveu para servir!
O Dr. Carlos Souto, General da Reserva, foi amigo do Marechal desde 1943, quando este, TenCel, assumiu o comando do 28º BC. E Dr. Souto, cirurgião da Santa Casa do Rio de Janeiro, contava, com grande poder de síntese:
“Para ser breve, direi apenas que o então TenCel Mattos conseguiu levantar o moral do 28º BC. Para tanto, combinou brandura com firmeza, exortou, elogiou, repreendeu e puniu.
Nunca temeu os superiores, nunca humilhou os subordinados.
Sua liderança era tão grande que repercutiu até mesmo entre os presos de guerra (os condenados) da Unidade. Sob palavra, deixou-os trabalhar ao ar livre, sem guarda à vista. Nunca houve, sequer, uma tentativa de evasão. Este fato, acredito, dá bem uma ideia de quanto era querido e respeitado o nosso Comandante, homem que sabia, como ninguém, dirigir homens.”
1.3.4 O Generalato
Generalato é o resultado de uma severa seleção. É o coroamento de uma longa carreira em que, também como no texto bíblico, “muitos são os chamados e poucos os escolhidos”.
Baptista de Mattos, como costumava se assinar, atingiu o generalato em 1955. À época, a promoção a General dependia também de um verdadeiro plebiscito entre os Generais e Coronéis. Disciplinado, bravo, consciente, administrador fecundo, comandante leal e justo, instrutor correto e de muitos recursos. Oficial testado na paz e na campanha, em Estado-Maior e na Tropa, o nome do Coronel Mattos despontou sem surpresas, nas listas de colegas e superiores.
Prestou serviços como oficial-general durante nove anos. Foi Comandante em Mato Grosso por duas vezes, Subchefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Diretor-Geral do Serviço Militar, Chefe da Comissão Superior de Economia e Finanças do Exército e Secretário-Geral do Ministério da Guerra.
Por ter atingido a idade-limite para General-de-Divisão (e não a de Capitão como temera no início da carreira) foi transferido para a Reserva, em 1964, no posto de Marechal.
Mas o Marechal não foi para a casa, para o pijama. Envergou o traje civil (com o nó da gravata tradicionalmente torto), e lançou-se às grandes atividades culturais que aguardavam por ele, agora mais livre.
2 Vida Intelectual
2.1 O Estudioso
O menino metódico, inteligente e estudioso não perdeu nunca seu amor à organização nos trabalhos e nos estudos.
A família guarda, com carinho, os livros em que ele controlava o orçamento de Tenente, já com três filhos e, ainda, cuidando dos velhos pais.
Homem sem os mínimos vícios, dedicava-se apenas à família e à profissão. A sobra de tempo era destinada a estudos de História e Geografia e a registros sistemáticos das suas viagens de serviço. Isso lhe garantiu um acervo que o animou a iniciar uma série de livros que ganharia notabilidade – “Monumentos Nacionais”.
Conseguiu tempo, também, para estudar Ciências Jurídicas, bacharelando-se em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro em 1937. O curso foi-lhe útil, pois foi sempre um grande respeitador da Lei e da Justiça.
Em um tempo no qual o Exército não publicava manuais de emprego, os escritos do então Capitão foram de grande utilidade para muitos Oficiais de Infantaria e de outras Armas. Artigos versando sobre Tática de Infantaria andaram de mão em mão, transmitindo e difundindo conhecimento militar. Se reunidos, esses trabalhos teriam originado vários volumes. Como General, cursou, em 1958, a Escola Superior de Guerra.
2.2 O Historiador
Não basta ser estudioso de História para ser considerado um historiador. Além da erudição deve possuir equilíbrio e coragem. Equilíbrio para pesar os fatos históricos sem paixão; e coragem para concluir sem medo de desagradar.
Pois bem. O Marechal Mattos era um preclaro historiador; pois analisava com profundidade e isenção, e concluía sem rebuços.
Um exemplo da sinceridade de propósitos em suas análises históricas, a par do desassombro, foi a apreciação que fez de Getúlio Vargas, ainda durante o apogeu do grande político. Ao invés de repetir loas ao poderoso ditador, simplesmente escreveu, em mais de uma oportunidade:
“Personalidade muito discutida, somente uma outra geração poderá emitir um juízo isento de paixões.
O signatário julga que as vantagens de ordem material, que por acaso o seu Governo haja conseguido para o país, não compensam a decadência moral e a desmoralização da autoridade que se processou calculadamente sob sua direção.”
2.3 O Instrutor
Foi instrutor do CPOR do Rio, à época de sua fundação, cumulativamente com a situação de aluno da Escola de Estado-Maior. Era um trabalho voluntário, sem nenhum tipo de compensação, feito matinal e diariamente antes de ir à EEM, que nesse tempo, 1927, era no Andaraí.
Além disso, foi instrutor da Escola Militar provisória, curso que aproveitou os ex-cadetes desligados por motivos políticos antes de 1930.
Ensinou Tática de Infantaria na Escola das Armas, conhecida hoje como Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.
Indicado primeiramente pela Missão Francesa, foi, como já dissemos, instrutor de Tática Geral na Escola de Estado-Maior do Exército.
2.4 O Educador
O menino que pensou ser mestre-escola não se frustrou. De certo modo, ele teve uma escola em sua casa, pois encheu-a e alegrou-a com sete filhos.
Quatro filhas, quatro professoras, dão uma ideia da importância que ele reconhecia na missão educacional.
De fato, o Marechal foi um estudioso do problema da educação nacional. Em conferências realizadas na década de 50 preconizava o que hoje se chama “ensino integrado”. Afirmava que a aprovação no último ano do curso deveria garantir matrícula no ciclo seguinte. O “funil” da seleção era consequência da falta de vagas. O exame de admissão seria um recurso que evidenciava, antes de mais nada, a deficiência do sistema escolar brasileiro.
Acrescentava ainda que o problema era, em grande parte, comunitário e que para resolvê-lo deviam reunir esforços as entidades públicas e particulares.
Provou o que dizia, quando comandou o 28º BC, em Aracaju. A escolinha do Batalhão foi um modelo, sempre lembrado, de escola comunitária. A responsabilidade pelo seu funcionamento não era exclusiva nem do Batalhão nem da autoridade civil; o bairro ajudava a nutrir o grupo escolar, tanto no campo material e técnico quanto no sentimental e cívico.
Uma presença curiosa no enterro do querido militar: uma numerosa comissão da Escola Nacional “Heitor Lira”. Diretora e alunas foram levar seu agradecimento ao conferencista que lhes levara tantas mensagens cívicas e culturais. Era o reconhecimento de uma escola, que lembrou à família as outras em que o Marechal, também a convite, realizara diversas conferências, sempre bem recebidas pelos professores e pelos jovens.
Fora do magistério, também se encontra o educador.
3 Atividades culturais
3.1 Contribuições aos Institutos de pesquisa
A passagem para a Reserva veio encontrar o Marechal como membro efetivo da Academia Guanabarina de Letras (onde era Vice-Presidente) e da Academia Valenciana de Letras. Na primeira, ocupava a cadeira que pertencera ao General Sousa Doca, como ilustre militar das letras.
Era colaborador constante de revistas de cultura. Em 1967, foi indicado pela Sociedade Brasileira de Geografia, para rever, corrigir e reescrever os quase 50 verbetes sobre o Brasil, na Enciclopédia Americana Collier’s. Foi um belo serviço prestado em benefício do Brasil, na correção e ampliação de uma fiel imagem de nossa Pátria. O trabalho, realizado em inglês, pronto para a impressão, foi muito elogiado pelo corpo redatorial da Editora Collier’s.
Quando sobreveio a morte, encontrou-o como presidente do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, como tesoureiro da Sociedade Brasileira de Geografia e como membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e de outras agremiações culturais.
Historiador de méritos reconhecidos, presidiu, já na Reserva, a comissão responsável pela reorganização do Museu do Exército.
Outro museu que contou com a experiência e o apoio do Marechal foi o Museu do Negro, sediado na Igreja do Rosário. Aliás, ele era o Juiz da Irmandade de N. Sr.ª do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, cuja sede é na dita igreja. A reconstrução daquele templo histórico, destruído por um incêndio em 1967, vinha empolgando os últimos dias de vida do militar, Juiz da Irmandade.
3.2 Monumentos nacionais
Vários livros da autoria do Marechal ficaram inéditos. Entre eles, sobressaem “Monumentos Nacionais – Guanabara” e “Monumentos Nacionais – São Paulo”. A respeito do primeiro foi encontrado um trecho de carta, sem assinatura, por ser folha média. Dizia a carta:
“… A leitura da obra (em quatro volumes) não se constituiu em surpresa para mim. Já conhecia o estilo do autor, que em obras anteriores brindou-nos com idêntico trabalho de pesquisa, análise e exaltação cívica. Considero o livro “Monumentos Nacionais – Guanabara”, como os outros treze da coletânea já publicados…”
4 O Exemplo
Pelo que sempre mostrou de amor ao trabalho, força de vontade, inteligência, dedicação e honradez, a vida desse brasileiro é, por si, um exemplo.
Mas se atentarmos para as condições humílimas de sua origem, vemos que a imagem ganha maior dimensão e o exemplo toma significado mais amplo.
O Marechal Mattos era, e não se cansava de repetir, neto e bisneto de escravas que chegaram ao Brasil como propriedade da ilustre família Taunay, em meados do século passado. Sua mãe, mesmo, só se livrou da escravidão, beneficiada pela Lei do Ventre-Livre, e foi durante muito tempo empregada em casa de família.
Viveu ele seus primeiros dias em caixotes, nas cozinhas.
Pela linha materna, foi o primeiro que aprendeu a ler. Na família, foi o primeiro que chegou ao ginásio.
Sua modéstia, entretanto, não impedia a sede de cultura, o gosto pelo estudo e pelo trabalho intelectual. Seu gosto pela cultura não prejudicou sua fulgurante carreira militar, pois serviu em todos os quadrantes do país e nunca recusou comissões nem, ao contrário, as reivindicou.
As vitórias colhidas não chegaram a modificar os ensinamentos de humildade cristã hauridos no lar modesto e honrado da sua meninice. Palavras suas numa dedicatória confirmam o que dizemos:
“À memória de minha mãe, Umbelina de Mattos, cujos exemplos de paciência, tenacidade e confiança nos amigos constituem a orientação que invariavelmente sigo e fundamentam o êxito que este modesto trabalho venha a obter…”
A vida do Marechal João Baptista de Mattos parece-nos um magnífico exemplo que se perpetuará, pois o Governo da Guanabara, sua terra natal, resolveu homenageá-lo dando seu nome a um grande colégio, no subúrbio de Coelho Neto. Foi assim, levada ao povo a imagem muito real de um vulto nobre, não pelo sangue, mas pelo saber, pelos sentimentos, pelo caráter, como que mostrando a potencialidade intelectual e moral encontrada no brasileiro aparentemente simples.
Hoje 02.11.2023 tive a grata surpresa de me encontrar por acaso, este texto na internet. Fiquei muito feliz. Me trouxe felizes recordaçoes de meu tempo de criança no Meier- Engenho Novo. Conheci a filha do Marechal Mattos, Umbelina de Matos Santana no colegio Visconde de Cairu onde foi minha professora. Lendo a historia do pai dá para perceber que herdou dele os mesmos sentimentos e carater pois gostava de ajudar a quem queria aprender e vencer. E eu fui um dos agraciados por essa mulher filha dele. O que fui e sou hoje devo primeiramente a Deus que me guiou e depois a ela que me ensinou. Lembro que para incentivar a turma a estudar e se dedicar muitas vezes lançava um desafio da seguinte forma ” valendo uma coca-cola” , valendo um sanduiche, valendo um pacote de biscoito para o primeiro que terminasse e acertasse os desafios das questoes lançadas. Também tive oportunidade de participar do dia a dia do Marechal. Se servi ao exercito na arma de artiharia devo a ele. Servi no 1º RO 105 na Vila Militar na época da Revolucçao. Minha mae não queria que eu servisse tinha muito medo porque eu era muito ousado, muito atirado, um vibrador pelo militarismo. E ele tentou impedir de eu me alistar. Falei com o Marechal e ele me perguntou – Quer mesmo servir o exercito. Tem coragem para enfrentar situaçoes de risco? E eu disse sim. Pois diga a sua mãe que voce já é soldado convocado e que não tem mais jeito. Voce é responsabilidade minha. Bendito tempo de czaserna que passei. Houveram problemas mas vendo o exemplo dele venci. Cheguei a terceiro sargento e me decepcionei com a vida militar, por conta de apadrinahmentos que não deveriam acontecer na área militar. Vi muitos companheiros desistirem. Ainda bem que o que aprendi me valeu muito e fui abençoado em concurso para o Banco do Brasil. Devo a ele Marechal Mattos e a ela Umbelina de Mattos Santana boa parte das minhas vitorias pelos exemplos que me passram e serviram de balizadores pra minha vida futura. Deus os tenha em paz na sua infinita misericórdia.
Prezado Vicente, agradecemos sua visita. Ficamos felizes de proporcionar boas lembranças de seu tempo de estudante e do convívio com a Professora Umbelina, filha do Marechal Mattos.
Sua professora aprendeu com o pai a importância da educação para formar grandes cidadãos.
O objetivo do site é divulgar a história deste ilustre brasileiro e motivar as novas gerações.
Bom dia tive o prazer e a honra de ser aluno da diretora e professora Dona UMBELINA DE MATTOS LORENA DE SANT’ANNA, filha do Marechal JOÃO BAPTISTA DE MATTOS, no Colégio que recebeu o seu nome, com muito orgulho entre 1971 e 1977. Mais do que professora e diretora era para nós como uma mãe. A todos alunos dando aulas de todas matérias, contando sobre a infância e a experiencia de vida com seu pai, sempre preocupada com a formação perfeita de cada aluno, para que se tornasse um perfeito cidadão com caráter e honra. Organizava, com as bandas do Exército de alguns quartéis, os ensaios e desfiles do dia do soldado e da independência do Brasil, um dia ela me chamou em sua sala por volta do ano 1973 e pediu que eu lesse, em voz alta, toda uma carta escrita a mão alertando para os rumos difíceis que se previa naquela época e lastimável e tudo e mais muitas outras coisas aconteceram conforme estava escrito. E quem assinava a mesma li em voz alta Presidente Gen. Emílio Garrastazu Médici. Hoje tenho 65 anos ainda moro na Pavuna, mas a base que tive me permitiu ser funcionário, na função de técnico em processos petroquímico e petrolífero nas refinarias de Manguinhos e Petrobras, REDUC DE 1980 A 2015 e ter servido na Marinha do Brasil e Escola de Especialista de Sargentos da Aeronaútica entre 1976 a 1979. Optando seguir a carreira de petroleiro, agradeço ao Marechal pela formação da família e das filhas e netos também que conheci e ter o prazer de ter recebido os ensinamentos e passado para minha família, que hoje também estão bem empregadas com caráter e honra. Obrigado.
Adorei conhecer a história do Marechal Mattos, exemplo de amor e dedicação ao próximo, orgulho do Exército Brasileiro.
Sou a Nicole Souza, gostei muito do seu artigo tem muito
conteúdo de valor, parabéns nota 10.
Visite meu site lá tem muito conteúdo, que vai lhe ajudar.
Prezada Nicole Souza, agradecemos seu contato.A trajetória do Marechal Mattos é revestida de valor. Nosso objetivo é torná-la conhecida para inspirar os jovens em busca de um futuro melhor através da educação.
Grande história,todos nós,no Brasil, deveríamos ter conhecimento da trajetória do Marechal, para assim,quem sabe,diminuir essa luta que vemos entre nós.
Prezada Lenira,
agradecemos sua visita ao site Marechal Mattos.
Além do orgulho que a família do Marechal tem de sua história, temos o compromisso de divulgar seu exemplo, para inspirar novas gerações.
Obrigada por compartilhar o site.
Grande abraço.
Agradeço a oportunidade me oferecida pelo bisneto do Marechal Mattos de conhecer sua história exemplar. Coragem, inteligência, responsabilidade: belo exemplo para as novas gerações seguirem: não é a cor da pele que da dignidade mas os valores morais que praticamos. Parabéns querido Diogo e muito obrigada pelo envio que vou compartilhar!!